sábado, 12 de abril de 2008

HOBSBAWM, Eric J. Uma economia mudando de marcha. (capítulo II). In: A Era dos Impérios 1875-1914. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1988. p

Uma Economia Mudando de Marcha




O segundo capítulo da obra “A Era dos Impérios” de Hobsbawm, vai tratar da economia capitalista no final do século XIX. O autor vai enunciar: a Crise, sem estagnação, de 1870, gerada pelo crescimento da produção Industrial, da deflação e da crise das taxas de lucro; o pique da agricultura e a solidificação do mercado.
Relativo à Crise de 1870, haverá um grande fluxo de migração de europeus, que fugiam em busca de esperança, para a América. E essa falta de esperança na Europa vai ocorrer devido às técnicas e aos modelos se tornarem ultrapassados, será uma crise do período de crescimento; o capital que era investido na produção tinha um retorno cada vez menor, o lucro irá se tornar cada vez maior, mas a sua taxa cada vez menor. Porém, Hobsbawm afirma que a crise é um elemento inerente do capitalismo, um combustível para a sua renovação:

Vai haver uma ”Destruição Construtiva”

Idéia essa, que estará implícita na teoria Marxista. O Capitalismo é auto-destrutivo, por isso, irá surgir uma necessidade de táticas para tornar as crises do mesmo, menos destrutivas para o mercado e para a sociedade. Com isso, as crises vão se tornando cada vez mais complexas, e cada vez mais o setor financeiro ganha importância e dinâmica no sistema capitalista. Nessa época, o complexo industrial militar vai ser importante à economia e ao avanço industrial dos Estados Unidos, produzindo inovações técnicas.
Nesse capítulo, Hobsbawm vai contextualizar que o Colonialismo, Imperialismo e capitalismo serão processos completamente interligados: A dificuldade que passava o Capitalismo nesse momento (por volta de 1870), fez com que o mesmo se expandisse para o mundo, através do Imperialismo, e esse era dado pelo colonialismo, que marcava a relação das sociedades imperialistas com suas colônias.
Dito anteriormente, as duas reações não governamentais mais comuns, à crise, foram a emigração e a formação de cooperativa, sendo esta última opção, principalmente, dos sem-terra e dos proprietários de terras sem bens líquidos, estes sobretudo camponeses com propriedades potencialmente viáveis. A migração ultramarina era a válvula de escape que mantinha a pressão social abaixo do ponto de rebelião ou revolução; quanto às cooperativas, ofereciam empréstimos modestos aos pequenos camponeses.
Em relação à depressão dos preços, lucros e taxas de juros, foi criada uma medida para solucionar tais problemas, chamada bimetalismo; que foi uma espécie de monetarismo às avessas, que atribuía a queda dos preços fundamentalmente a uma escassez mundial de ouro, que gradativamente se tornava a única base do sistema mundial de pagamentos (através da libra esterlina, com sua paridade fixa em relação ao ouro). Um sistema baseado tanto no ouro como na prata, disponível em quantidades cada vez maiores, especialmente na América. A Grande Depressão irá fechar a longa era do liberalismo econômico.
Dito isso, Hobsbawm conclui o segundo capítulo de sua obra “A Era dos Impérios” afirmando que toda essa crise do Capitalismo, colaborou com certas evoluções econômicas, pois ele mesmo afirma que seria uma “Destruição Construtiva”, e as mesmas tendências da economia pré-1914, que tornaram a era tão dourada para as classes médias, empurraram-na à guerra mundial, à revolução e aos distúrbios, excluindo a hipótese de uma volta ao paraíso perdido; ou seja, o capitalismo esta ligado a crise, é um ciclo vicioso para sua renovação.

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